domingo, 12 de junho de 2011

OMEGA 3 AJUDA NO TRATAMENTO DO ALZHEIMER


Verduras, frutas, peixe e alguns óleos estão sempre nos cardápios indicados por médicos em razão dos benefícios à saúde, e recentes estudos mostraram novas propriedades da chamada "dieta do mediterrâneo" no combate a problemas de degeneração das funções cerebrais, como o Alzheimer. O destaque fica por conta do ômega 3, uma gordura presente na maioria desses alimentos.

Segundo uma pesquisa publicada este mês na revista da Associação Americana de Neurologia, o risco de pessoas que consumiam regularmente óleos de canola, de linhaça e de nozes- todos ricos em ômega 3- terem qualquer tipo de degeneração da função cerebral foi 54% menor em relação aos que não tinham esse hábito.

Além disso, quem consumia peixe -outra fonte da substância- ao menos uma vez por semana teve 35% menos chances de desenvolver Alzheimer. O estudo analisou 8.085 pessoas com mais de 65 anos e residentes em três cidades francesas. Elas foram acompanhadas por mais de três anos e, inicialmente, não tinham nenhum problema neurológico.

De acordo com o geriatra e professor do Centro Universitário Lusíada de Santos, Alberto de Macedo Soares, isso acontece porque o ômega 3 pode propiciar proteção vascular ao cérebro. "Não sabemos o que causa o Alzheimer, mas o ômega 3 deve criar uma proteção, assim como faz com o coração." Outra possível explicação é que uma dieta rica em ômega 3 poderia interferir na produção da beta amilóide -proteína que se acumula no cérebro e que acarreta efeitos tóxicos sobre os neurônios. A nova descoberta sobre o ômega 3 revela mais uma de suas propriedades. Outros estudos já haviam destacado a possibilidade de a gordura ser benéfica no tratamento de doenças cardiovasculares e como um antiinflamatório. Como ele, outras substâncias ajudam a prevenir demências. É o caso das frutas e verduras, que reduziram em 28% o risco de problemas de degeneração cerebral em pessoas que tinham uma dieta com presença significativa desses alimentos. Segundo o estudo, conduzido pelo cientista da Universidade de Bordeaux Pascale Barberger-Gateau, "isso pode ser atribuído aos antioxidantes presentes nesses alimentos, como a vitamina C". Eles diminuem a ação danosa dos radicais livres. Tanto frutas e verduras como peixes e óleos são a base da dieta do mediterrâneo.

Ela é considerada um dos fatores responsáveis pela longevidade dos povos do entorno do Mar Mediterrâneo e ajuda a evitar problemas de peso, diabetes, colesterol e do sistema circulatório. Segundo Paulo Caramelli, do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, os médicos geralmente aconselham "exercícios físicos e uma dieta saudável, que pode ser semelhante à do mediterrâneo, com pouca carne vermelha. Essa alimentação oferece inúmeros benefícios à saúde."

Tratamento
Outra descoberta recente que relacionou Alzheimer à dieta do mediterrâneo foi que esse tipo de alimentação pode retardar a progressão da doença em quem já a possui. Um estudo feito por pesquisadores em Nova York e também publicado na "Neurology", em setembro, mostrou que quem fazia esse tipo de dieta "ganhou" 21% menos chances de morrer a cada ponto que somou em uma escala de 0 a 9, que indicava menor ou maior adesão à dieta do mediterrâneo, respectivamente. "Como não há uma cura para o Alzheimer, isso pode servir para retardar sua evolução. "Isso só reforça os benefícios que esse tipo de alimentação tem para o funcionamento cognitivo, tanto na prevenção como em quem apresenta sintomas", afirma Caramelli.
Apesar dos benefícios para a saúde, alimentos contendo ômega 3 não devem ser consumidos indiscriminadamente porque poderiam levar a um aumento de peso, segundo Jorge Mancini Filho, professor do Departamento de Alimentos e Alimentação Experimental da Faculdade de Ciências Farmacológicas da USP. Isso porque o ômega três é uma gordura poliinsaturada, classe de alimento que deve representar até 10% da energia consumida. Segundo Mancini Filho, o ganho de peso deixa o organismo mais suscetível ao colesterol ruim e ao triglicérides alto, problemas que se vinculam a doenças cardíacas. "A dieta do mediterrâneo é benéfica para o funcionamento cognitivo, mas dentro de um contexto. Também são importantes exercícios físicos, dormir, evitar estresse, cigarro e dosar na bebida alcoólica", diz. Ele diz ser importante a consulta a um nutricionista para pessoas que desejam seguir uma dieta. Para Mancini Filho, uma boa alimentação é suficiente para que substâncias como o ômega 3 sejam benéficas à saúde, não sendo necessários suplementos farmacológicos.

 Fonte: Folha de São Paulo
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